domingo, 23 de fevereiro de 2014

Pré história - Pintura Rupestre

 
 
 
 
 
 
UHUG Na Serra da Capivara  
Animação - Tempo das cavernas
 
 
Bem Cultural - A arte rupestre em Minas Gerais
 
 
 
ARTE RUPESTRE NO BRASIL
 
Diferentemente do que sabemos por meio dos grandes manuais e ou enciclopédias mundiais de arte, história, cultura e outros espaços acadêmicos. Ou ainda nos manuais didáticos do Brasil. Aqui no Brasil também se fez pinturas rupestres – são pinturas feitas nas rochas, usando-se do ocre para executá-las (gordura vegetal e animal) na maioria das vezes. E ficaram registradas ao longo de muitos anos. Há muito tempo atrás, podendo chegar até a 50 mil anos antes do presente, no Brasil, mas não somente.

As pinturas rupestres foram produzidas pelos primeiros habitantes do Brasil. E estes habitantes deixaram nas pinturas registradas, muito provavelmente segundo nosso entender, suas ações sociais neste registro visual. Uma das ações sociais seriam as educativas.

As transmitiram por meios educativos, acreditamos nesta tese, pois as pinturas repetem-se por extensões enormes e também porque foram identificados vários estilos de pintar os mesmos signos. Mostrando desta maneira que houve trocas culturais e de aprendizado entre os grupos ou mesmo dentro dos grupos que aqui viviam.

Como afirma Anne-Marie Pessis, que “Durante o período inicial do estilo Serra da Capivara, a região era pouco habitada. Sabemos que outros grupos, minoritários, partilharam o mesmo espaço junto às comunidades culturais de Serra da Capivara. Grupos que não tinham o domínio da técnica gráfica, mas que incorporaram às suas culturas esta prática rupestre das comunidades dominantes. Estas populações seriam responsáveis por outra tradição de pintura rupestre existente no Nordeste do Brasil, a tradição Agreste”. (PESSIS, 1989: 14/15).

As tradições de rupestres pinturas em São Raimundo Nonato permitiram incorporarem ideias, técnicas e práticas nas sociedades que não as tivessem , como era o caso da tradição Agreste, que surge por influência da tradição Nordeste¸ representada em sua subtradição Serra da Capivara.

As pinturas rupestres seriam o registro da história social dos habitantes daquele período. Onde lhes era possível afixarem seus costumes e práticas cotidianas. Costumes que permitiriam outros grupos ou futuras gerações de seus próprios grupos utilizassem-se destas informações registradas.

Estas ações sociais que retratariam, então, a nosso ver, parte do cotidiano da época como caca, danças, rituais, lutas territoriais, animais que viviam naquele momento – um cotidiano muito parecido com o nosso atualmente, onde precisamos lutar para garantir o que nos pertence por direito – dos grafismos puros (que não temos condições de interpretar), cenas de sexo e cenas de brincadeiras, entre outras.

Com certeza, estes locais são, em grande parte, reocupados, pois estão carregados de informações sobre o entorno que foram passadas e/ou estão ali representadas, consequentemente os novos ocupantes poderiam decodificá-las. Como aponta Pedro I. Schmitz, assim: Os principais sítios localizam-se em abrigos rochosos, grutas e cavernas e indicam certa estabilidade de (re) ocupação, tanto nas camadas sedimentares quanto nas pinturas das paredes.(SCHMITZ, 1999: 57).

Era de uma necessidade sem precedentes deter os conhecimentos a respeito dos meios de subsistência, pois não se poderia perder tempo diariamente em busca da caça, pesca e/ou coleta de frutas. Por este motivo às pinturas teriam o papel de retratar com precisão os locais onde foram desenhadas informando o que havia naquele meio. Assim Niéde Guidon afirma que A base econômica continuava sendo a caça, a coleta e a pesca: as pinturas rupestres retratavam com detalhes a evolução sociocultural desses grupos durante pelo menos 6 mil anos, o que constitui um dos mais longos e importantes arquivos visuais sobre a Humanidade disponível, hoje, no mundo.(GUIDON, 1998: 43/44).

Para E. Adamson Hoebel quase todas as inter-relações sociais são dominadas pela cultura existente. Não temos notícia de nenhum grupo humano sem cultura. ..., uma sociedade humana é mais do que mero agregado expressando comportamento instintivo. A sociedade humana é uma população permanentemente organizada de acordo com sua cultura.(HOEBEL, 1982: 222/223).

Ao julgar que as comunidades humanas são compostas por grupos intercambiantes (inclusive como nós hoje, veja a globalização), cujos membros fazem parte de um todo mestiço nas relações existentes entre si, principalmente no caso da cultura, cuja produção executada por esses homens/mulheres é um material exemplar para as pinturas rupestres.

Se todos os grupos humanos têm sua própria cultura e interagem significa que, além de se manifestarem culturalmente, ainda transmitem seus conhecimentos. Por meio da cultura produzida por estes grupos humanos das mais diferentes formas estéticas, e por meios educativos.

A partir destas cenas podemos, então, depreender que houve sim no território brasileiro, como em outros locais do mundo, história e educação muito antes de 1500. O Brasil com sua imensa extensão territorial teria também uma grande complexidade de formas, estilos de pinturas e locais pintados. Auxiliando a comprovar que as escolas rupestres teriam se disseminado.

Entendemos as pinturas rupestres foi uma das mais importantes, (senão a mais), formas sociais de garantir a transmissão cultural e pedagógica da época. E que contribuiu para a interação e a relação entre humanos e destes com a natureza. E sobreviveu até hoje para nos prestando o testemunho do que foi a sociedade de ontem no Brasil.

As pinturas nos mostram, desde muito tempo, que devemos lutar e muito para que a nossa sobrevivência garanta-se. E que sem esta nada conseguimos. E, ainda, que por meio da educação social esta luta torna-se mais fácil de ser vencida.

O humano só se faz em sua plenitude por meio de lutas. E os primeiros habitantes do Brasil já sabiam disto – assim como também nos sabemos. Para que possamos compreender melhor a nossa própria historia antiga e ver nela um reflexo para o nosso cotidiano. Façamos em nossas vidas muitas lutas políticas, sociais, culturais e para a sobrevivência. Como já fazemos em nossas praticas cotidianas de educadores sociais que todos somos. Façamos, também, nossas festas, viagens e passeios, entre outras praticas sociais em nome de nossos prazeres. Como nos mostram os antigos habitantes de nosso Brasil que viveram muito bem, relacionando-se entre si, com o meio ambiente e com os outros grupos humanos que aqui viveram. Diferentemente o que pensamos!!!

 
 GRAFISMO RUPESTRE NO PIAUÍ
 
 
 
 
 
 
 
GRAFISMO RUPESTRE EM MINAS GERAIS
 
 
Imagens de registros rupestres no Brasil
 









 
 


 

 
 
ASTRONOMIA INDIGENA 
 
Os conhecimentos astronômicos empíricos dos indígenas, relativos aos movimentos do Sol, da Lua, da Via-Láctea e de suas constelações, associados à biodiversidade local, suficientes para a sobrevivência em sociedade, são desconhecidos por muitos historiadores da ciência. Nesta conferência, apresentamos uma parte desses conhecimentos, que conseguimos resgatar, utilizando documentos históricos, que relatam a importância da astronomia no cotidiano das famílias indígenas; vestígios arqueológicos, tais como a arte rupestre e os monumentos rochosos, que possuem conotação astronômica; diálogos informais e observações do céu com pajés de todas as regiões brasileiras; além de cursos de Etnociência, que ministramos para professores indígenas. Em 1632, Galileu Galilei publicou o livro: “Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo; ptolomaico e copernicano”, onde afirmava que a principal causa do fenômeno das marés seriam os dois movimentos circulares da Terra: o de rotação em torno de seu eixo (diurno) e o de translação em torno do Sol (anual), desconsiderando a influência da Lua. Em 1612, o missionário capuchinho francês Claude d’Abbeville passou quatro meses entre os tupinambá do Maranhão, da família tupi-guarani, localizados perto da Linha do Equador. Seu livro “Histoire de la mission de pères capucins en l’Isle de Maragnan et terres circonvoisines”, publicado em Paris em 1614, é considerado uma das mais importantes fontes da etnografia dos indígenas do tronco tupi. Nesse livro, publicado dezoito anos antes do livro “Diálogo” de Galileu, d’Abbeville escreveu: “Os tupinambá atribuem à Lua o fluxo e o refluxo do mar e distinguem muito bem as duas marés cheias que se verificam na lua cheia e na lua nova ou poucos dias depois”. Além disso, a maioria dos antigos mitos indígenas sobre o fenômeno da pororoca, que traz uma grande onda do mar para os rios volumosos da Amazônia, mostra que ele ocorre perto da lua cheia e da lua nova, demonstrando o conhecimento, por esses povos, da relação entre as marés e as fases da Lua.
 Somente em 1687, setenta e três anos após a publicação de d’Abbeville, Isaac Newton demonstrou que a causa das marés é a atração gravitacional do Sol e, principalmente, da Lua sobre a superfície da Terra. Esses fatos mostram que, muito antes da Teoria de Galileu, que não considerava a Lua, os indígenas que habitavam o Brasil já sabiam que ela é a principal causadora das marés.
 A arte rupestre pré-histórica é a fonte mais importante de informação que dispomos sobre os primórdios da arte, do pensamento e da cultura humana. A palavra Itacoatiara, que em tupi e em guarani significa pedra pintada, é freqüentemente utilizada para denominar os rochedos decorados. Existem alguns painéis de arte rupestre que além do Sol, da Lua e de constelações, parecem representar fenômenos efêmeros, como a aparição de um cometa muito brilhante, um meteoro, uma conjunção de planetas ou um eclipse, que alteravam a ordem do Universo e amedrontavam o povo sendo, portanto, 2 registrados. Assim, esses registros podem ser úteis para o astrônomo documentar antigos eventos celestes.

 Os indígenas observavam os movimentos aparentes do Sol para determinar, o meio dia solar, os pontos cardeais e as estações do ano utilizando o Gnômon, que consiste de uma haste cravada verticalmente no solo, da qual se observa a sombra projetada pelo Sol, sobre um terreno horizontal. Ele é um dos mais simples e antigos instrumentos de Astronomia, sendo chamado de Kuaray Ra'anga, em guarani e Cuaracy Raangaba, em tupi antigo.

 Um tipo de gnômon indígena, que temos encontrado no Brasil, em diversos sítios arqueológicos, é constituído de uma rocha, pouco trabalhada artificialmente, com cerca de 1,50 metros de altura, aproximadamente em forma de tronco de pirâmide e talhada para os quatro pontos cardeais. Ele aponta verticalmente para o ponto mais alto do céu (chamado zênite), sendo que as suas faces maiores ficam voltadas para a linha norte-sul e as menores para a leste-oeste. Em volta do gnômon indígena há rochas menores (seixos) que formam uma circunferência e três linhas orientadas para as direções dos pontos cardeais e do nascer e do pôr-do-sol nos dias do início de cada estação do ano (solstícios e equinócios).
 Em geral, o zênite é o domínio do deus maior da etnia considerada; os pontos cardeais são os domínios dos quatro deuses que o auxiliaram na criação do mundo e de seus habitantes; os pontos colaterais são domínios das esposas desses deuses. 

Chamamos esse monumento de rochas, constituído pelo gnômon e pelos seixos, de Observatório Solar Indígena, devido à sua relação com os movimentos aparentes do Sol.  Em 1614, o monge capuchinho francês Claude d'Abbeville escreveu que os tupinambá também observavam o movimento do nascer e do pôr-do-sol e o seu deslocamento na linha do horizonte, que efetua entre os dois trópicos, limites que jamais ultrapassam. Eles sabiam que quando o Sol vinha do lado norte trazia-lhes ventos e brisas e que, ao contrário, quando vinha do lado sul, trazia chuvas. Eles contavam perfeitamente os anos, pelo conhecimento do deslocamento do Sol de um trópico a outro e vice-versa.

Conheciam igualmente os meses pela época das chuvas e pela época dos ventos ou, ainda, pelo tempo dos cajus. Além da orientação geográfica, um dos principais objetivos práticos da astronomia indígena era sua utilização na agricultura. Os indígenas associavam as estações do ano e as fases da Lua com a biodiversidade local, para determinarem a época de plantio e da colheita, bem como para a melhoria da produção e o controle natural das pragas. Eles consideram que a melhor época para certas atividades, tais como, a caça, o plantio e o corte de madeira, é perto da lua nova, pois perto da lua cheia os animais se tornam mais agitados devido ao aumento de luminosidade, por exemplo, a incidência dos percevejos que atacam a lavoura. A incidência de mosquitos também é muito maior na lua cheia do que na lua nova.

Os indígenas que habitam o litoral também conhecem a relação das fases da Lua com as marés. Eles associam as marés às estações do ano para a pesca artesanal. Em geral, quando saem para pescar, seja no rio ou no mar, já sabem quais as espécies de peixe mais abundantes, em função da época do ano e da fase da Lua. Por exemplo, eles pescam a gurijuba (Arius parkeri), o peixe mais tradicional da região de Belém, PA, principalmente entre as fases de lua minguante para a nova, nos meses de outubro e novembro.

 Para os guarani, do sul do Brasil, até o ritual do “batismo”, em que as crianças recebem seu nome, depende de um calendário lunissolar: o plantio principal do milho ocorre, geralmente, na primeira lua minguante de agosto. Após a colheita do milho plantado nessa época é que realizam o batismo das crianças. Esse evento deve coincidir com a época do máximo do “tempo novo”, caracterizada pelos fortes temporais de verão, geralmente o mês de janeiro, quando os guarani celebram a colheita do milho e o ritual do batismo. As constelações indígenas diferem das concepções das sociedades exteriores ocidentais principalmente em três aspectos.

Primeiro, as principais constelações ocidentais registradas pelos povos antigos são aquelas que interceptam o caminho imaginário que chamamos de eclíptica, por onde aparentemente passa o Sol, e próximo do qual encontramos a Lua e os planetas. Essas constelações são chamadas zodiacais. As principais constelações indígenas estão localizadas na Via Láctea, a faixa esbranquiçada que atravessa o céu, onde as estrelas e as nebulosas aparecem em maior quantidade, facilmente visível à noite.

 Segundo, os desenhos das constelações ocidentais são feitos pela união de estrelas. Mas, para os indígenas, as constelações são constituídas pela união de estrelas e, também, pelas manchas claras e escuras da Via Láctea, sendo mais fáceis de imaginar. Muitas vezes, apenas as manchas claras ou escuras, sem estrelas, formam uma constelação. A Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães são consideradas constelações.

O terceiro aspecto que diferencia as constelações indígenas das ocidentais está relacionado ao número delas conhecido pelos indígenas. A União Astronômica Internacional (UAI) utiliza um total de 88 constelações, distribuídas nos dois hemisférios

terrestres, enquanto certos grupos indígenas já nos mostraram mais de cem constelações, vistas de sua região de observação. Quando indagados sobre quantas constelações existem, os pajés dizem que tudo que existe no céu existe também na Terra, que nada mais seria do que uma cópia imperfeita do céu. Assim, cada animal terrestre tem seu correspondente celeste, em forma de constelação.

Anais da 61ª Reunião Anual da SBPC - Manaus, AM - Julho/2009

Germano B. Afonso (CNPq/UEMS)  

 
                                            Imagens de registros rupestres de astronomia



 
 
 
GRAFISMO RUPESTRE EM SANTA CATARINA
 
 
 
ZOÓLITOS

Zoólitos são artefatos indígenas confeccionados em pedra polida e também outros materiais que representam animais como raia, tubarão, baleia, boto, coruja, jacaré etc; utilizadas em rituais. Algumas peças apresentam uma cavidade ventral para elaboração de corantes. Os zoólitos possivelmente eram peças de prestígios, sendo utilizadas muitas vezes, como acompanhamento funerário. 
Os zoólitos foram produzidos por culturas prè-históricas que outrora habitaram principalmente o litoral brasileiro, e também, vários  lugares do mundo.

No Brasil, estas bonitas e enigmáticas "estatuetas", foram encontradas principalmente em vários "Sambaquis" escavados na costa sul-brasileira ( Santa Catrina, Paraná, Rio Grande do Sul e também em outros estados brasileiros ).
 Sambaqui vem do guarani e significa monte de conchas: Tamba = conchas e ki = monte. São encontrados em todo o litoral brasileiro. Na região de Laguna (Laguna) e na Baía da Babitonga (São Francisco do Sul) localizam-se os maiores sambaquis do mundo, que chegam a alcançar 40 metros de altura por centenas de metros de comprimento. Foram construídos na pré-história nos locais onde viviam povos caçadores, pescadores e coletores.
 

É possível encontrar na camada superior dos sambaquis indícios de ocupação do grupo horticultor Guarani que ali se fixaram aproximadamente 1000 anos antes da 'conquista' do Brasil pelos portugueses. Os Guaranis praticavam a agricultura e desenvolveram a cerâmica feita de argila cozida, de formas variadas, utilizadas para armazenar água e alimentos. Em urnas de cerâmica enterravam seus mortos, junto com alguns presentes. Também fabricavam cachimbos de barro, machados de pedra usados para derrubar árvores e fabricar canoas, e vários outros objetos de uso desconhecido para os arqueólogos.  

Os habitantes dos sambaquis tinham uma altura média de 1,60m e viviam não mais do que 40 anos. Em alguns esqueletos foi encontrado uma enfermidade no ouvido, comum nos mergulhadores profissionais. Acredita-se, por isso, que os sambaquianos praticavam a pesca de mergulho. Possuíam acentuado desgaste dentário devido a ingestão de alimentos rijos e de movimentos rigoroso e intensos na mastigação . Gostavam de se enfeitar com pingentes e colares feitos de pedras, conchas, vértebras de peixe, dentes de porco do mato, tubarão, jacarés, etc.  
 





 
 
 
GRAFISMO RUPESTRE NA FRANÇA (Lascaux)
 
 
GRAFISMO RUPESTRE NA ESPANHA (Altamira)
 
 
 
GRAFISMO RUPESTRE NA ÁFRICA
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário